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Bateu com a cabeça? O que fazer e cuidados a ter

7 Jul 2023 - 08:30

Bateu com a cabeça? O que fazer e cuidados a ter

Um pequeno obstáculo ou até um desequilíbrio momentâneo podem levar a tropeções e, em último caso, quedas. Quando na sequência destes acidentes, batemos com a cabeça no chão, na parede ou em algum objeto há uma preocupação acrescida.

Mas o que deve fazer nestas situações? Em que casos é necessário ir ao hospital? E é seguro dormir depois de bater com a cabeça?

Quando é necessário ir ao hospital?

Em declarações ao Viral, a neurologista Cristina Duque começa por esclarecer que “quando falamos em pancadas na cabeça”, as consequências podem ser diferentes, dependendo da situação

Falando em específico de adultos (não idosos), “se acontecer um traumatismo encefálico” tem de se perceber primeiro “o quão grave foi” e isto “pode variar consoante força com que se bate ou com o tipo de pancada que acontece”, prossegue.

“Se houver uma pequena pancada, de onde surge uma breve dor de cabeça que até se resolve com um ben-u-ron (nome comercial do paracetamol), e se não houver nenhuma alteração no estado habitual da pessoa”, não haverá, à partida, motivos para preocupação. 

No entanto, existem sinais que podem indicar gravidade e a possível necessidade de se ir ao hospital. “Se existir uma ferida externa ou uma fratura, obviamente, será um sinal de gravidade a merecer avaliação por um médico de imediato”, alerta Cristina Duque.

Depois, outro sinal a ter atenção “é se há um desmaio e por quanto tempo”. Segundo a médica, “uma pequena perda de consciência merecerá a avaliação por um profissional de saúde”. O mesmo se aplica em caso de convulsão associada à pancada.

A perda de memória também se inclui nos sinais de gravidade, bem como “se já aconteceram vários traumatismos” antes da pancada em questão.

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Além disso, qualquer outra alteração no estado normal da pessoa, como “a pessoa ficar mais sonolenta”, “uma dor de cabeça que não passa”, “vómitos”, “náuseas” e “problemas de equilíbrio” merecem atenção.

Em teoria, refere Cristina Duque, “uma fratura na região basilar posterior do cérebro – ou seja, na parte de trás e um bocadinho de lado – pode associar-se a um maior risco de hemorragia intracraniana”.

Contudo, explica a neurologista, “isso é muito difícil de ser avaliado” em casa. Por isso, só no hospital é que poderão “indicar a gravidade e a necessidade de realizar TAC”.

Posso dormir depois de bater com a cabeça?

Segundo Cristina Duque, a resposta não é certa, pois “vai depender sempre muito do contexto em que isto acontece”. 

Se a pessoa não apresenta sintomas graves, dormir “num período normal e expectável, à noite”, e se a pessoa acordar “à hora normal, isso não vai agravar a situação em si”, adianta a médica.

Por outro lado, “se a pessoa desmaia ou tem uma convulsão, vamos querer logo que seja observada no hospital” e, até isso acontecer, a pessoa não deve adormecer, porque, se o utente chegar ao médico acordado, isso vai “permitir avaliar o seu estado neurológico à chegada”, explica. 

“No entanto, passada esta fase, não é necessário evitar que a pessoa durma”, acrescenta.

Além disso, pode acontecer que, “depois do traumatismo”, a pessoa “fique extremamente sonolenta”. Nesse caso, “dependendo da opinião do médico, pode fazer sentido uma vigia em contexto hospitalar ou, se não existir nenhum sinal de alarme, que a pessoa seja vigiada em casa por um familiar responsável”.

Mas, mais uma vez, não se deve, à partida, “evitar que durma num período normal, pois isso não vai agravar” a situação, aponta a neurologista.

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Quem precisa de ter mais cuidado?

“Nos idosos, por vários motivos, há um risco maior de queda”, começa por esclarecer Cristina Duque. Isto poderá dever-se à “patologia osteoarticular”, à “perda de algum equilíbrio da parte vestibular (que é natural que aconteça)” e ao facto de, nas pessoas mais velhas, “a parte visual e auditiva também estar muitas vezes mais comprometida”.

Assim, ter mais de 60 anos “também pode ser um critério para existirem mais quedas e essas quedas serem mais graves”.

Por esse motivo, delimita-se um conjunto de recomendações de modo a “evitar ao máximo ou diminuir ao máximo o risco de queda”. 

Na perspetiva de Cristina Duque, “às vezes, basta utilizar sapatos adequados e retirar os tapetes em casa”. Estas “são recomendações importantes e simples e, muitas vezes, ajudam muito a reduzir este risco de queda”, reforça.

Para mais, a neurologista considera importante ter-se em conta que os idosos tomam “hipocoagulantes”. Portanto, “embora o risco de queda não seja nunca um fator para a hipocoagulação, sabe-se que esses doentes podem, de facto, ter mais risco de hemorragias”, inclusive, mais graves.

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Por outro lado, pode ser mais perigoso se a vítima se tratar de uma criança, mas por motivos diferentes. “Aqui a questão é que pode ser mais difícil em determinadas idades avaliar qual é o estado neurológico das crianças”, clarifica. 

Por isso, “os protocolos, nestes casos, são muito mais rigorosos e com muito mais vigilância”. Neste caso, de modo geral, recomenda-se a ida ao hospital com maior frequência do que nos adultos, porque, às vezes, não se percebe bem a sintomatologia.

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Neurologia

7 Jul 2023 - 08:30

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